
1ª Instalação
Abrascão

Rio de Janeiro: julho, 2018.
Conceito de instalação multimídia com núcleos interativos. Materiais históricos, 2007; e contemporâneos, 2018. 120m².
Na primeira edição, inaugurada no Abrascão (Congresso da Associação Brasileira de Saúde Coletiva) e sediada na Estação dos Visitantes do Museu da Vida, na Fiocruz, consolidamos uma narrativa híbrida distribuída em quatro núcleos comunicacionais, sendo três contemporâneos e um histórico.
Evidenciávamos, assim, a densidade temporal distinta dos artefatos culturais da história da Reforma Psiquiátrica Brasileira que resgatamos/produzimos, e estimulávamos as rodadas de interrogação sobre ciência, cultura e arte.
Nos núcleos comunicacionais dessa edição, combinamos sinalizações cronológicas, extratos das falas diretas dos usuários e textos poéticos curtos.
Esses textos foram dispostos em adesivos pelo chão para estimular uma deambulação de caráter lúdico e versavam sobre a casa e o morar, sobre a experiência da loucura e da inclusão. Esses elementos insólitos convidavam a desacelerar, a olhar de forma distinta e inventar percursos como quem segue pistas. Eram trilhas múltiplas que conduziam até a arena de apresentação dos vídeos, documentação textual sobre Barbacena e Políticas Públicas da Saúde Mental e ao espaço da rua, que recriamos como uma espécie de praça pública da visibilidade antimanicomial.
Nessa arena aberta estavam em tempo integral o fotógrafo, o videomaker e um usuário da Rede de Saúde Mental carioca, que se integrou ao grupo como repórter. Cumpriam a dimensão viva dos diálogos democráticos sobre estigmas, preconceitos e sobre as muitas faces do cuidado em liberdade. Nessa interação direta com o público, acolheram a surpresa com conversas informais, com microfone e câmeras abertas e com as possibilidades de ampliar a reflexão sobre o que chamava a atenção de cada um. Escutavam e registravam presenças ampliando nossos próprios horizontes expressivos sobre a temática.
"Para nós aqui está sendo um prazer sediar o 12º Congresso da Abrasco e receber no bojo das atividades do Congresso a exposição fotográfica De Volta para Casa, que trata sobre um tema que é muito caro para a Saúde Pública, muito caro para a Fundação Oswaldo Cruz e para o Museu da Vida, que é a luta contra o encarceramento da população adoecida mentalmente e que a gente precisa defender a luta contra o encarceramento nesse momento histórico importante que nós estamos vivendo de retrocessos. É importante que a gente defenda a bandeira do retorno para casa dessas pessoas, o convívio junto à família, junto à sociedade. E que a gente consiga contribuir para essa luta. Para o Museu da Vida é um prazer receber essa exposição e ela é um marco sem dúvida nenhuma."
Alessandro Batista
(Diretor do Museu da Vida - Fiocruz RJ)